Em tempos de crise econômica, recorrer ao Yoga pode nos manter mais tranquilos e mostrar novas possibilidades
Viver uma dificuldade, seja ela qual for, não é algo que esperamos para nossas vidas. Estamos sempre em busca de estabilidade, por isso é inevitável o estresse diante de situações como a atual crise econômica, na qual muitos perderam seus empregos ou têm receio de que isso aconteça.
Diante de um quadro de recessão, o grau de negatividade e tensão é alto em muitas pessoas. A prática de Yoga é uma saída para aliviar a tensão do corpo e da mente. Os asanas (posturas psicofísicas), técnicas de respiração e meditação aquietam a mente, abrindo espaço para novas ideias a fim de melhorar o momento atual.
Muitos perceberam isso. Em 2008, quando a crise nos EUA estourou, a revista Times publicou uma matéria revelando aumento na venda de tapetinhos para prática e a procura por estúdios de Yoga.
O administrador de empresas, coach e professor de Yoga Carlos Legal relata que muitos de seus alunos que são executivos e líderes de empresas usam o Yoga para manter a serenidade diante das adversidades. Ele diz: “Quando estamos mais integrados, focados e centrados, nossa visão e percepção se expandem e conseguimos passar pelos desafios de forma menos sofrida”.
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Muito além de diminuir o estresse e a tensão, o Yoga pode nos ajudar a ampliar nossa visão de mundo e a compreender que tudo na natureza está em constante movimento, e que as mudanças são parte desse movimento. Devemos ter claro que a vida é feita de ciclos, como uma roda que gira incessantemente – em um momento estamos em cima, em outro, embaixo.
A natureza é expansão e recolhimento, inspiração e expiração, vida e morte. Geralmente a dificuldade que temos em lidar com as mudanças está ligada ao apego excessivo a uma infinidade de coisas que acreditamos serem necessárias para nos sentirmos seguros.
Na visão do Yoga, o que gera esse apego é o klesha (impureza da mente) avidya, definido como ignorância existencial, ou falta de compreensão sobre si mesmo e sua verdadeira essência.
O que nos livra do apego é vairagya (desapego ou renúncia), que é o processo de se livrar das expectativas de felicidade em cima dos nossos desejos ou objetos materiais. Carlos Legal diz que, como administrador, sempre acompanhou o movimento das empresas e das pessoas dizendo “vamos crescer xx% este ano”, como se o crescimento fosse uma coisa ilimitada, infinita. Esse tipo de pensamento leva à ganância, outra causa da nossa dificuldade de enfrentar épocas de recessão.
Para mudar essa visão, ele recomenda refletir, meditar e agir de acordo com o yama aparigraha (não ganância), a fim de eliminar o supérfluo, e o niyama santosha (contentamento), que cultiva a felicidade pela gratuidade da vida e por estar satisfeito com o que se tem.
Este é um momento em que devemos rever nossos valores, aquilo que nos faz realmente felizes e que pode gerar mais felicidade para o mundo. Atualmente muitas empresas e pessoas não estão mais dispostas a ter lucro a qualquer preço. Ética e sustentabilidade são cada vez mais valorizadas no ambiente corporativo.
Para a solução de problemas, Carlos acredita no refinamento da consciência com a aplicação dos niyamas no dia a dia como tapas (força de vontade), svadhyaya (conhecimento, autoestudo) e Ishvarapranidhana (consciência de que não temos controle dos resultados das nossas ações, somente da ação em si).
O yogi deve ter fé em si e no universo. Ao aplicar os yamas e niyamas, as frustrações diminuirão, assim como as preocupações. Estudar e praticar Yoga em meio à crise pode ser visto como uma excelente oportunidade para conquistar maturidade mental, emocional e espiritual.
O Ph.D. Georg Feuerstein lançou em As Virtudes do Yoga – Antigos Ensinamentos para esta Época de Crise Global várias propostas do Yoga do hinduísmo, do budismo e do jainismo para lidar com as dificuldades contemporâneas. Ele sugere moralidade: “Sei que não é um termo da moda, mas, assim como a espiritualidade, ele permanece útil”, explica na orelha de seu livro, que acaba de chegar ao Brasil (editora Pensamento).
Dicas de Prática
– Procure fazer posturas que acalmam o sistema nervoso e relaxam a região do coração.
– Permanências longas, de 3 a 5 minutos ou mais, dependendo da sua condição física, potencializam o efeito das posturas.
– Apoiar a cabeça suaviza a permanência e tem um efeito ainda mais relaxante.
– Experimente: paschimottanasana (postura da pinça) com a cabeça apoiada sobre uma almofada; setu bandha sarvangasana (postura da ponte) deitado sobre uma almofada com os ombros apoiados no chão e os pés sobre um bloco; adho mukha svanasana (postura do cachorro olhando para baixo) com apoio para a cabeça e savasana (postura do cadáver).
? Invista alguns minutos diários na meditação. Você pode simplesmente se sentar com a coluna ereta, concentrar-se no momento presente e observar o movimento da respiração.
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Fotos: Ilustração: Gustavo Peres
Fonte: Yoga Journal