
Por Ana Russo-Wormser*
E possível conciliar Yoga e trabalho?
Estou com esta pergunta ha algumas semanas, elaborando internamente o questionamento e suas respostas.
No início, quando tomei contato com Yoga pelas primeiras vezes, não via qualquer conexão. Aliás, as aulas de Yoga eram meu refugio. Era la que eu me desligava da correria, da competitividade e da pressao por resultados vivenciada numa jornada de 10 a 12 horas por dia.
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Encarar a mim mesma, usar o corpo pra falar com a alma, aquietar-me. Ainda tenho lembrança das sensações agradáveis, da paz, do equilíbrio e do silencio que eu vivenciava nas aulas.
Já no escritório, ruídos, mil assuntos ao mesmo tempo, telefone, email, um sanduíche sobre o teclado para “ganhar tempo”, conspirações, conchavos. Eu precisava mesmo ter um refúgio!
Com o tempo, o Yoga foi se mostrando mais que uma atividade física, mais que técnicas de relaxamento, mais que benefícios imediatos para o corpo.
O Yoga é uma filosofia para a vida, e como tal, tem seus princípios éticos. E a vida se encarregou de me mostrar os princípios do Yoga ao mesmo tempo em que me dava outro caminho a seguir, distante da vida corporativa. Tive tempo pra sentir saudades daquela loucura toda! E também pra investigar mais sobre Yoga.
Patanjali codificou um dos livros mais importantes para todos os yogis, o Yoga Sutras, ha mais de 2.500 anos, e transcreveu esses princípios, que orientam e regem a vida de todo yogi pelo caminho da convivência social – Yamas – e do auto-desenvolvimento – Nyiamas.
Eu me aventuro aqui numa versão livre dos Yamas e Nyiamas para a vida corporativa, convidando a reflexão. Afinal, o mundo corporativo pode aparentar ter vida própria, mas e apenas o reflexo de homens e mulheres comuns, que o constroem e alimentam a partir de suas próprias referencias e aspirações.
Yamas – da nossa convivência com os outros
Ahimsa – não-violência
Aquilo que for feito, dito ou expressado em pensamentos e atitudes, deve seguir sempre este preceito. Sabemos que um tapa machuca, mas palavras ríspidas e ou comportamentos negligentes podem ser ainda mais doloridos.
Sattya – verdade
Verdade e aquilo que você vive no exato momento em que vive. Quem vive no mundo corporativo sabe que deliberações podem mudar em minutos, depende de quem decide e de como o faz. O que sabemos e podemos intervir e só este exato momento. Promessas podem não ser cumpridas e expectativas podem levar a frustração. Sua verdade e Agora.
Asteya – integridade
Você não precisa ir contra seus valores, nem deve. Você pode colocar seu ponto de vista, esteja sempre disposto ao dialogo. Ninguém precisa se demitir porque não concorda com alguma situação. Mas pode negociar entre ser parte ou não na execução de um procedimento, por exemplo.
Brahmacharya – contenção
Abster-se de comentários desnecessários, saber colocar sua competência e energia com foco… Aqui, vale a máxima “menos e mais”
Aparigraha – desapego
Num mundo em que resultado e a meta, desapego e o desafio. Podemos sim buscar nossos objetivos e os da organização da qual fazemos parte. Entretanto, nao estamos a serviço do resultado, vamos reconhecer os esforços e manter o foco em cada etapa do processo, conscientes de nossas condições e realizações. O resultado sera a soma desses esforços e realizações.
Nyiamas – do nosso auto-desenvolvimento
Saucha – limpeza
A limpeza aqui não e só do corpo, mas também o asseio da mente. Escolher o que nos alimenta o estomago e um começo precioso, mas tão importante quanto e escolher o que alimentara nossos pensamentos. Conchavos, fofocas de corredor, “radio-peão”, qual a qualidade desses “alimentos”?
Samtosa – contentamento
Viver um dia de cada vez. E cada momento do dia de maneira singular. Reconhecer a oportunidade de desenvolvimento e crescimento em cada desafio, mesmo nas decepções, nas quedas, na aridez da adversidade. E ser grato por isso.
Tapas – disciplina
Alguém duvida de que a vida corporativa já nos demanda este preceito com afinco? Cabe a nos nos observarmos atentamente diante das rotinas e situações que se apresentam, mantendo clareza de entendimento, assim como sermos disciplinados também com nossa vida alem-trabalho.
Svadhyaya – auto-estudo
Desenvolver a auto-reflexão nos ajuda a enxergar melhor não apenas a nos mesmos, mas também aos outros. No trabalho, antecipar-se a uma “reação-automática” pode lhe contar pontos a favor. E conhecer o seu “contexto” em profundidade pode, pelo menos, lhe trazer um pouco mais tranquilidade.
Ishvarapranidana – entrega
Confia. Se conseguir colocar em prática tudo que vimos ate agora, este não sera mais um preceito a ser seguido. De fato, ja estara incorporado. E você poderá desfrutar de alguma serenidade interior no ambiente de trabalho… e fora dele também!
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*Ana Russo Wormser é filiada a aliança do Yoga, com formação em Yoga para crianças.
Ana é professora no Espaço Kaizen, para saber mais entre em contato conosco através do telefone (11) 5523-0640 ou compareça em nossa sede na Rua Conde de Itu, 964.