Por Márcia Heder*
A palavra Yoga (sânscrito) significa união, comunhão, integração. Yoga é um tanto um instrumento, como o próprio estado integrado do ser; da mente com o corpo, do Ser individual com o Ser universal.
A meta final do Yoga é o estado de meditação. Meditação é um estado de consciência, mas é popularmente conhecido como a técnica utilizada para atingi-lo.
Leia também:
– Benefícios para quem pratica Yoga
– Hatha Yoga equilibra o sistema nervoso e o respiratório
Há mais de cinco mil anos os Rishis (mestres que se dedicavam ao caminho espiritual na Índia Antiga) passavam seu conhecimento de mestre a discípulo oralmente, não havia nenhum registro sobre os ensinamentos, que eram secretos e passados para discípulos merecedores, que conseguiam vencer as duras provações do caminho espiritual.
Por volta dos anos 200 AC, Patanjali, um estudioso da época, organizou de forma sitemática os ensinamentos do Yoga Clássico formando a Obra chamada Os Yoga Sutras. Composta por 196 aforismos, em quatro capítulos, que abordam métodos e práticas que levam o praticante ao total domínio da mente. Seu objetivo final é a realização plena do Ser, ou Kaivalya, a liberação do ego e de toda causa do sofrimento humano.
Patanjali definiu no Yoga Sütra 1.2: “yoga´s citta vrtti nirodhah”, ou seja, yoga é a cessação das modificações (flutuações) da mente. E mostra o caminho a ser trilhado através de oito passos, chamado Astãnga(oito membros)Yoga. Que é base para a maioria das linhas do Hatha Yoga Clássico:
1) YAMAS: através de cinco princípios universais desenvolver uma conduta moral e ética sadia, capaz de evitar toda e qualquer dor a quem quer que seja. Construir uma conduta externa em relação à vida e aos outros de respeito e integridade. São eles:
– Ahimsa(não violência): generosidade e respeito por todas as formas de vida.
– Satya (viver comprometido com a verdade)
– Asteya (não cobiçar o que não lhe pertence)
– Brahmacarya (domínio das energias corpóreas, sensoriais)
– Aparigraha (desapego, não possessividade)
2) NYAMAS: desenvolvimento de uma conduta pessoal (aspectos internos) que levam ao despertar de virtudes latentes importantes no caminho à consciência plena:
– Sauca (purificação, práticas de limpeza e desintoxicação que sutilizam a vibração dos componentes do corpo e da mente)
– Santosha (cultivar o contentamento, livre de qualquer expectativa pessoal, gratidão)
– Tapas (desenvolvimento da vontade, vigor através do auto esforço e perseverança)
– Svadhyaya (o despertar da necessidade de auto estudo, autoconhecimento)
– Ishvara Pranidhana (caminho da entrega,da aceitação, da fé, da entrega ao Absoluto)
3) ÁSANAS: posturas psicofísicas. No conceito de Patanjali, o ásana deve estável e confortável. O desenvolvimento de uma postura firme e relaxada, através da flexibilização, alongamento e tonificação muscular para eliminar as perturbações do corpo que criam obstáculos no caminho da meditação.
4) PRANAYAMA: é o controle da energia vital, prana. A respiração afeta diretamente nossa energia mais sutil (pensamentos e emoções), o desenvolvimento de uma respiração consciente e completa melhora a oxigenação em todos os tecidos do corpo, vitalizando o sistema nervoso e melhora da saúde mental, abrindo caminho para estabilização da mente rumo à meditação.
5) PRATYAHARA: significa abstração dos sentido, recolhimento dos sentidos, assim como uma tartaruga recolhe seus membros embaixo de sua casca,fechando as portas dos órgão dos sentidos. Pratyahara é o elo entre as esperiências externas e internas que o Yoga oferece.
Até aqui desenvolvemos uma disciplina externa do Yoga (Bahirãnga), a partir do 6º passo desenvolvemos a disciplina do yoga interno(Antarãnga).
6) DHARANA: é concentração, desenvolvimento da atenção unidirecionada, a fixação da atenção num objeto concreto ou abstrato, de modo que a atenção gire em torno do objeto, estabelecendo o processo da concentração. O poder de uma mente concentrada é comparada a uma lâmpada de raio laser, que concentra todos os seus raios em uma única direção, sendo capaz de grande iluminação.
7) DHYANA: é meditação. O fluxo contínuo da mente em uma única direção, quando um único pensamento (objeto da concentração) ocupa a esfera da mente, sem que esse fluxo seja interrompido por qualquer outro pensamento, então estabelece-se no estado meditativo. Neste estágio, o foco não é mais o de conter os pensamentos, pois quando estes estão contidos outros pensamentos surgem. Mas o estágio de aumentar o espaço entre os pensamentos. No nível da mente se encontra o ego, mas além da mente está o Ser. É pelo aumento do tempo deste espaço vazio entre um pensamento e outro que se experiência a transcendência da mente – a experiência do Samadhi!
8)SAMADHI: é o fruto de toda a trajetória consciente das técnicas yóguicas. Patanjali define yoga como sendo Samadhi, um estado de não identificação com os conteúdos e flutuações da mente (citta-vrttis) . estas três últimas etapas do Yoga – Dharana, Dhyana e Samadhi – constituem Samyama, que são os diferentes gurus da mesma experiência. Está escrito no Yoga Sutra III.5: “Pelo domínio de samyama, surge a luz da consciência superior.
Texto baseado no Livro A Senda do Yoga de Maria Laura Packer
*Marcia Heder é formada em Yoga da linha do Sivananda – Yoga Teacher Training com Yogui Hari, em 1998. É terapeuta em shiatsu, yoga massagem ayurvédica e watsu. Além disso, é formada em Comunicação social com hab. em Relações Públlicas. Estudou com a Profa Maria Laura Packer de Joinville.
Venha fazer Yoga no Espaço Kaizen. Entre em contato conosco:
Márcia é professora de Hatha Yoga no Espaço Kaizen. Faça uma aula experimental, agende pelo telefone (11) 5523-0640 ou compareça à nossa sede na Rua Conde de Itu, 964.