Psicóloga explica o papel dos exercícios na construção da autoestima e do bem-estar
A sociedade em que vivemos valoriza muito o estético, o físico e o belo desde muito cedo. Prova disso é o quanto as crianças que estão acima do peso, ou com aparência física diferente dos demais, são discriminadas na escola. Cada vez mais vemos crescer o número de relatos de crianças sofrendo bullying.
Há um mito de que a autoestima está relacionada à aparência física, entretanto, se isso fosse absolutamente verdade, todas as pessoas consideradas bonitas ou magras não teriam problemas dessa ordem. O que tenho a dizer aqui é que a autoestima de um indivíduo depende de inúmeros fatores, como o ambiente no qual está inserido, sua condição psíquica, sua história de vida, sua aparência física e a aceitação dela por si mesmo e pela sociedade no qual está inserido.
Em relação ao físico, é notável o quanto a atividade física pode contribuir para a melhora da autoestima. Contudo, sempre caímos na seguinte questão: por que algumas pessoas conseguem manter uma atividade física regular e outras não? O que as motiva?
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A motivação para realizar uma atividade física varia de pessoa para pessoa e também depende de inúmeros fatores, até mesmo os inconscientes. O que motiva uma pessoa não necessariamente motivará outra, depende dos objetivos que cada um deseja alcançar, das características pessoais como, por exemplo, determinação e persistência, e do seu momento atual de vida.
As atividades aeróbicas, como a corrida, por exemplo, além de contribuírem para o condicionamento físico e melhora da capacidade cardiorrespiratória, estimulam a produção de hormônios neurotransmissores como serotonina, endorfina, dopamina e noradrenalina, responsáveis pelo controle do estresse e ansiedade, regulação do humor, promoção de prazer e bem-estar, entre outros inúmeros benefícios.
Ainda assim, independentemente do que é liberado pelo organismo e como isso é feito, o que temos como resultado que ninguém poderá discordar é que a atividade física, realizada de maneira regular, proporciona ao organismo um equilíbrio físico e mental bastante significativo, com melhoras estéticas inclusive.
O ser humano é um ser muito complexo e não há como saber ao certo se o que causa a melhora da autoestima são as mudanças estéticas, visivelmente perceptíveis com os treinos, ou se ocorre pela ação dos neurotransmissores, estimulados pela atividade física aeróbica. Mas devo aqui ressaltar que, se a escolha da atividade física for feita em primeira pessoa e fizer sentido para o indivíduo, não há duvidas de que ele desfrutará de todos os benefícios por ela proporcionados, e sua autoestima certamente se elevará.
Por Cynthia Boscovich: psicóloga, formada em 1993, psicanalista e membro da sociedade brasileira de psicanálise winnicottiana.
Fonte: Sua Corrida